quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Carta ao Leitor



As discussões atuais em meio ao fraco desempenho da economia brasileira nesse 3º semestre, a crise internacional, a tão decantada desindustrialização que se avizinha e a polêmica em torno dos royalties do petróleo obrigam o País a buscar saídas - aumento de competitividade e esforços inovativos - como mecanismos salvadores.

O Encontro Nacional da Indústria 2012, realizado pela CNI em Brasília (5 e 6 de dezembro), apontou para a educação como chave para melhorar o desempenho industrial brasileiro em todos os setores; como componente fundamental do mapa estratégico da indústria, aparecendo como a dimensão unanimemente mencionada pelo público consultado.

Importante citar como expressão de nossos sonhos e desejos de realização para os próximos anos, um exemplo de sucesso no quadro educacional brasileiro: o projeto Biota da Fapesp.

O Biota é considerado um dos programas mais bem-sucedidos da Fapesp, não apenas ao produzir pesquisa de alta qualidade, como também em fazer com que seus resultados tenham impacto na sociedade.

Criado como Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo, com uma agenda robusta de pesquisa envolvendo uma comunidade de pesquisadores muito grande – 117 bolsas vigentes e mais de 800 concluídas –, em sua segunda década de existência passa a apresentar a questão da educação como prioridade ao propor um ciclo de conferências gratuitas voltadas a professores e estudantes do ensino médio que será realizado ao longo de todo o ano com o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento do ensino de ciências e disseminar o estado da arte sobre biodiversidade em linguagem acessível a um público heterogêneo.

Além disso, propõe lançar, em 2013, duas chamadas de propostas, uma em parceria com a secretaria do Meio Ambiente de SP para trabalhar “cenários de conservação da biodiversidade em áreas prioritárias para as próximas décadas, atendendo a demanda de planejar o desenvolvimento do Estado considerando os impactos da expansão das cidades, da rede de infraestruturas – especialmente estradas, dutos” e linhas de transmissão – e do agrobusiness sobre áreas consideradas prioritárias para conservação.

A outra, uma parceria com um projeto financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês) para restaurar a biodiversidade e os estoques de carbono na Bacia do Rio Paraíba do Sul, visando a reconectar as serras do Mar com a da Mantiqueira, restabelecendo importantes corredores biológicos, resultando em aumento da estabilidade de encostas, reduzindo o risco de deslizamentos, proteção das nascentes e cursos d’água, aumentado a disponibilidade e melhorando a qualidade dos recursos hídricos, que são a fonte de abastecimento não só das cidades do Vale do Paraíba como também do Rio de Janeiro.

Estão aí traduzidas a contribuição do desenvolvimento científico e tecnológico a demandas concretas da sociedade, em termos de melhoria das condições de vida resultantes de um planejamento adequado que se baseia em conhecimento construído na Academia.

O esforço no Brasil para a melhoria da qualidade da educação é inadiável, devendo ser trabalhado um grande pacto federativo capaz de destinar sólido investimento, devidamente coordenado e fiscalizado, para resolver os principais problemas do ensino médio, do fundamental do superior, da necessária formação e aperfeiçoamento dos professores, base de todo o processo, priorizar áreas técnicas e humanísticas para a formação dos cidadãos e realizar assim uma real inclusão social e dar cidadania plena à população brasileira, atingindo populações indígenas e quilombolas.

O Brasil tem sem dúvida caminhos já trilhados: temos agências federais e estaduais de excelência – CNPq, Capes, Finep, Departamento de C&T do Ministério da Saúde (Decit-MS), várias fundações de apoio à pesquisa fortes como a Fapesp, Faperj, Fapemig; associações importantes como ABC, SBPC, Anprotec, Abipti, Anpei, e o Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec); movimentos empresariais em prol da educação como o MEI; enfim, todos demonstrando organizações e nortes definidos em temos de melhorias do padrão educacional exigido no mundo de hoje, mesmo que esforços contínuos ainda devam ser feitos. Afinal, a concentração de instituições no Sul e Sudeste está a exigir a capilarização pelo País, criando laços sólidos e definitivos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

(Do Boletim ViaIntc Dezembro 2012)

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